ARTE CONTEMPORÂNEA
Cruzeiro Seixas
“Bule” de cerâmica surrealista
Exemplar n° 3 de uma tiragem de 30
Fábrica de loiça de Sacavém
Assinado e datado 1957-1970
11x12 cm
Sobre este lote encontra-se um texto “inBlogue Cerâmica Modernista em Portugal. 29 de Dezembro de
2012.
“A ideia de introversão já ensaiada em "Daily Life", é retomada em "Bule", abaixo reproduzido. Mais uma
vez a funcionalidade é destruída, o bico, elemento definidor da identidade do objecto, remete-se ao seu
interior, espreitando através de um orifício na tampa, qual periscópio de submarino. Ensaia-se novamente
um gesto de timidez, dando lugar à introversão.
Ambos, bule e chávena, poderiam integrar o universo de Lewis Carroll (1832-1898), recusando-se a servir
a Hatter o famoso chá, a que foi eternamente condenado. Carroll, bastas vezes referenciado como
percursor do surrealismo, não previu, no entanto, esta recusa...
Claramente, num jogo de géneros, a chávena assume o papel feminino, feita de delicada porcelana,
ornamentada com motivos florais; enquanto ao bule, quer pela configuração, quer pela rudeza dos
materiais, cabe obviamente o papel masculino.
Esta peça, cuja concepção data de 1957, é produzida pela Fábrica de Loiça de Sacavém, em 1970, numa
edição de trinta exemplares.
O bule manipulado é em faiança, mede cerca de 11 cm de altura, sendo esmaltado a aerógrafo, a creme e
ocre, à semelhança de outras peças produzidas por Sacavém na mesma época.
Vendido por 1400.00 EUR