LIVROS
Francisco Manuel de Mello – Epanaphoras de Varia Historia Portugueza (1660)
Epanaphoras de Varia Historia Portugueza. A ElRey Nosso Sehor S. Afonso VI. em Cinco
Relaçoens de Svcessos pertencentes a este Reyno. Que contem negocios publicos,
Politicos, Tragicos, Amorosos, Beliscos, Triunfantes.
Lisboa: Na Officina de Henrique Valente de Oliveira, 1660.
In-8 ° de 538 págs. E.
Primeira edição deste importante e clássico texto de D. Francisco Manuel de Melo
A obra está dividida em cinco epanáforas com os seguintes títulos: 1. Alterações de
Évora, ano 1637; 2. Naufrágio da Armada Portuguesa em França, ano de 1627; 3.
Descobrimento da Ilha da Madeira, ano 1420; 4. Conflito do Canal de Inglaterra entre
as Armas Espanholas e Olandezas, ano 1639; 5. Restauração de Pernambuco, ano
1654.
D. Francisco Manuel de Melo, nascido em 1608 em Lisboa, estudou no Colégio de
Santo Antão dos Jesuítas, foi soldado sob o comando de Diogo de Mendonça Furtado,
embarcou na armada da Coroa que naufragou em 1627, combateu contra os Turcos,
em combate naval tendo sido armado cavaleiro pelos seus feitos, frequentou a corte
madrilena onde travou amizade com Quevedo, uma das mais importante
personalidades literárias da época em Castela, contactando também com Lope de
Vega, Calderón, Tirso de Molina, entre outros. Quando se deu a Revolução da
Restauração foi preso e levado para Madrid onde esteve durante 4 meses. Em 1644 foi
preso novamente por razões que nos são desconhecidas. Permaneceu no Castelo,
depois transferido para a Torre de Belém, foi julgado e condenado por instigação de
homicídio a degredo perpéctuo para as costas de África, na segunda instância ao
degredo para a Índia acabando por ser decidido em terceira instância o degredo no
Brasil onde esteve durante onze anos. Em 1655 partiu para o Novo Mundo voltando ao
desterro em 1658 refugiando-se na sua quinta de Entre-Rios. Em 1660 estava em
Lisboa animando as sessões da Academia dos Generosos e durante o governo de
Castelo-Melhor, de quem era amigo, recebeu encargo de várias e importantes missões
diplomáticas. Ao regressar conseguiu a nomeação para deputado da Junta dos Três
Estados. Morreu em 1666.
Possuidor de uma cultura vastíssima e viva "arrancou uma obra assombrosa" [Dic.Lit.]
chegando a ser considerado por M. y Pelayo a maior figura literária da época, depois
de Quevedo. Rebelo da Silva afirma que D. Francisco Manuel de Melo deve ser
considerado "um dos primeiros eruditos do seu tempo e talvez o prosador mais
substancial e conciso da língua portuguesa" [cit. de Dic.Lit.]. Os textos publicados são
imensos e repartem-se pela história, onde tem obras clássicas como a presente ou a
"Historia de los Movimientos y separación de Cataluña y de la Guerra entre la
Magestad Católica de Don Dilipe el Cuarto Rey de Castilla y de Aragón y la Deputación
General de aquel principado", poesia, polémica e várias outras temáticas.
Barbosa, II, p. 182; Inocêncio, II, p. 437; Dic. Literatura Portuguesa, p. 619; Samodães,
2047; Borba de Moraes, II, p. 552
Encadernação inteira de pele da época.
Vendido por 1400.00 EUR