1º livro do introdutor do Futurismo em Portugal (1915)
Francisco Levita, Ilusões, Coimbra, França & Arménio, Tipografia Popular, 1915, 70 + 14 página, brochado.
Com dedicatória autógrafa dio autor aos avós. Rara obra do verdadeiro introdutor do Futurismo em
Portugal. De Modernismo Arquivo virtual da geração de Orfeu: «Francisco Levita – de seu nome completo
Francisco Lopes de Azevedo Coelho de Matos Castelo Branco Levita – marcou o meio académico coimbrão,
que frequentou enquanto jovem estudante de Direito entre 1913 e 1918, pelas suas atitudes extravagantes
e pela originalidade de alguns dos seus escritos. Situando-se à margem das experiências vanguardistas
lisboetas – que demonstra, no entanto, conhecer em pormenor – Levita assume-se arauto do futurismo,
sendo o primeiro, segundo Pierre Rivas (Europe, Março de 1975, p. 126), a organizar um «banquete
futurista» em Portugal, no Hotel do Luso. Se o seu primeiro livro de poemas, Ilusões (Coimbra, 1915), se
encontra ainda sob a influência directa do simbolismo e do decadentismo, a publicação, um ano mais
tarde, do folheto Negreiros – Dantas. Uma página para a história da Literatura Nacional (Coimbra, 1916),
anuncia claramente a sua adesão à estética futurista reafirmada. Pois é como vanguardista – seguidor
atento de Marinetti – que Levita constrói a sua crítica ao Manifesto Anti-Dantas publicado, também em
1916, por Almada Negreiros. Através de um panfleto graficamente ousado e próximo dos preceitos
futuristas – pelo modo como usa a tipografia, a pontuação, e abusa das onomatopeias – Levita insurge-se
contra o poeta d’Orpheu, um «pateta que se diz Futurista e Tudo» mas que «lançou praï um manifesto em
prosa de algodão tratando dum outro imbecil: o Sr. de Dantas», concluindo que, longe de ser futurista,
Almada é o «Dantas N.º 2». Veja-se: Octaviano de Sá, «O poeta académico Francisco Levita», O Primeiro
de Janeiro, n.º 340, 11/12/52, p. 3; Rita Marnoto, «A obra de Francisco Levita, um futurismo inconcluso»,
Estudos Italianos em Portugal, n.º 51/52/53, 1988/1989/1990, pp. 145-162; e a mesma autora, «Levita,
Almada e Dantas. O feitiço contra o feiticeiro», A Cidade, n.º 9, 1994, pp. 7-21.