POESIA NEGRA DE EXPRESSÃO PORTUGUESA
Raríssima revista literária - 1ª Edição
POESIA NEGRA DE EXPRESSÃO PORTUGUESA. Organizado por Francisco Tenreiro e Mário Pinto de Andrade.
Vinheta e arranjo gráfico de António Domingues.
Lisboa. Editora gráfica Portuguesa. 1953.
In-8º de 13, (2) págs.
Brochado.
Excepcional estado de conservação.
Colaboração de Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, Alda Espírito Santo, António Jacinto, Francisco
José Tenreiro, Noémia de Sousa e Viriato Cruz.
"Este caderno constitui, um elemento seminal na constituição das literaturas de expressão portuguesa. A
convergência duma geração de autores africanos em Lisboa, oriundos das então colónias africanas, haviam
criado em 1951 o Centro de Estudos Africanos. Expressavam a vontade de pensar África a partir de África.
Esta vontade ontológica introduzia, na senda do que propôs Aimée Cesaire e como Mário de Andrade
assinala na sua introdução, uma vontade de compreender e entender os contextos de produção poética
nas sociedades africanas. Tratava-se de olhar para a produção poética como uma forma de expressão
social. É a procura deste conteúdo social que levou ao uso da literatura, e neste caso da poesia, como
arma de construção das identidades.
Essa posição, afastou então estes jovens estudantes da procura das expressões estéticas e introduzia um
elemento de ruptura na tese da unidade cultural do império colonial português. Por isso foram perseguidos
pela polícia política. Anos mais tarde esses países seriam independentes. A língua nacional foi o português.
Daí o carácter seminal destes textos, que condensam, vinte anos antes, o cânone do campo das literaturas
de expressão portuguesa.”
Tenreiro, Em 1953, juntamente com o angolano Mário de Andrade, publica, em Lisboa, Poesia Negra de
Expressão Portuguesa, uma antologia de textos de novos intelectuais africanos. O próprio nome era já
provocação: a africanidade implicava a desestruturação da portugalidade, o que, numa época de ditadura,
era no mínimo arriscado fazer. É a busca de uma nova consciência africana.
Da maior importância literária e de excepcional raridade.